Madrid respira outra textura quando o outono chega.
A cada manhã, o caminho foi um mosaico de cores: ocres, dourados, ferrugem que brilham sob um sol já tímido.
Por sorte o local de trabalho, neste días, foi o Parque do Retiro que se transforma num espelho do tempo.
Os passos sobre o tapete de folhas soam como cartas antigas sendo abertas.
O vento brinca com as sombras e faz parecer que o mundo é feito de véus que cobrem uns ou outros que revelam.
As pessoas apressadas passam, cheias de relatórios, prazos, e-mails por responder, mas o parque insiste em falar mais alto, com uma calma quase insolente.
Trabalho? Sim , mas por instantes que,foram breves, a cidade convidou à pausa.Um café na Plaza Maior e por um segundo o tempo derreteu.As cores dissolveram-se e o laranja virou âmbar, o verde confunde-se com o cobre, e o céu parece pintado à mão, como se alguém tivesse decidido misturar mel e cinza.
E então, no meio da pressa, algo desperta:o som das folhas dançando sozinhas.
E amanhã ? amanhã é dia de voltar ao Porto, a minha cidade.
Levo comigo o som das folhas, o perfume do cafe , e essa certeza suave de que o tempo também sabe ser gentil.
Madrid fica em mim como um suspiro morno de outono.
O Porto, esse, espera -me com o coração aberto e com o cheiro do mar que nunca se esquece.
Bj utópico
Dri

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