A noite estava estrelada. O ar abafado. Uma autêntica noite de Verão. Sentado na esplanada do café do Bairro, os seus olhos percorriam as pessoas que circulavam por ali. Mas, aquela noite criava nele uma inquietude. Uma inquietude típica de quem vive todas as noites com o vento na face e adrenalina nos limites máximos. Estava na hora de terminar o fino e os tremoços. Estava na hora de iniciar o ritual de todas as noites, mesmo todas, incluindo feriados, férias e fins-de-semana. Levantou-se, pegou nas chaves, atirou umas moedas para cima da mesa e dirigiu-se para o carro. Este, de cor vermelha, pneus largos, jantes pretas e vidros fumados. Arrancou de forma súbita. Aprendeu a conduzir desde jovem e em todos os momentos fortuitos sempre mostrou a sua habilidade inata para conduzir. Nunca passou por uma escola de condução, mas a falta de carta de condução levou-o muitas vezes à sala de audiências. Nunca se assustava com as multas, os sermões dos advogados ou mesmo com a prese...