quinta-feira, 25 de março de 2021

O "voice laboral "

Hoje o tema da aula  foi a formação de contratos de trabalho, trabalho por turnos, nocturno..... e todas as vicissitudes que tantas vezes se cruzam connosco na redação de um contrato de trabalho ou no vínculo que o sujeito tèm com a sua entidade patronal.

Após escamotearmos os artigos do código de trabalho e todas as suas interlinhas, lançei para debate um vídeo denominado o voice laboral. O vídeo já tem seis anos, mas nos tempos que correm parece tão atual. Alias diria mesmo que todos os direitos sociais conquistados desde a Revolução Industrial até aos dias de hoje, caminham para o retrocesso de todas as lutas destes direitos conquistados e que sempre tentaram dignificar o trabalhador como ser humano.

Neste momento global em que hoje vivemos (com esta pandemia) , o mundo do trabalho sofre diariamente uma permanente tensão para a adaptação de novas realidades sociais, organizativas e acima de tudo de competitividade. As empresas tentam responder aos dilemas da pandemia com novos métodos e novas formas de organização, mas esquecem-se que estas suas decisões transformam o mundo do trabalhador num mundo de incerteza quanto ao seu futuro, quanto à sua proteção social e cada vez mais aumentando a precaridade laboral.

Temos de voltar a olhar para o direito ao trabalho como ele nos é definido pela nossa Constituição. Temos de voltar olhar para o direito ao trabalho como um direito fundamental. Temos de voltar a olhar para o direito ao trabalho como uma forma de integração na sociedade por parte do individuo, nomeadamente quanto a sua capacidade de se realizar profissional e do ponto de vista bio-psico-social.

Como disse um dia Kant: O homem é o único animal que precisa de trabalhar

Para quem não conhece o vídeo, aconselho a ver:


Bj utópico

Dri


sexta-feira, 19 de março de 2021

Será que Deus é pai? Será que pai é Deus?

José Luís Peixoto, numa das suas obras, escreve que : Se Deus é pai como eles dizem, então deixa-me contar-te um pouco do amor que Deus tem por ti: Deus acredita que o amor que sente por ti é maior do que ele próprio, Deus acredita que os lugares onde está não são todos porque tem a certeza de que o amor que sente por ti é maior do que todos esses lugares, Deus acredita que não sabe tudo porque o amor que sente por ti é maior do que tudo. 

Nos poucos momentos momentos de descontração e leitura que tenho , cruzei-me com esta frase de José Luís Peixoto. Primeiro sublinhei-a. Depois fiquei a pensar no seu conteúdo enquanto saboreava o meu chá de menta. E na minha mente ecoava a interrogação: Será que Deus é pai? Será que pai é Deus?

Hoje simbolicamente associamos este dia, ao dia do pai e novamente me assolou aquela dúvida: Será que Deus é pai? Será que pai é Deus? Será que devemos misturar este sentimento uno e fraterno por quem é responsável por 50 por cento do nosso material genético com uma entidade divina que nunca vimos, nunca sentimos, nunca nos tocou e as vezes até é cruel? Na verdade, se formos sinceros o pai às vezes também é cruel quando nos castiga nos nossos momentos birra ou nas crises de adolescência mas nós vemos o pai, sentimos o pai e ouvimos (quando queremos o pai). A dúvida em vez de se sanar ainda se complica mais nas minhas ideias, pois nas diferentes fases da nossa vida olhamos para os nossos pais com diferentes perspetivas (pelo menos falo por mim): em crianças como pais super-heróis, em adolescentes como pais ditadores (porque não nos deixam voar pelos caminhos que desejamos), em adultos como pais que são o apoio /os avôs dos nossos filhos......
E na verdade nas diferentes fases da nossa vida também olhamos para Deus, enquanto entidade divina (independentemente da religião), de forma diferente: em crianças entendemos a entidade divina como um super-herói que apela ao amor, em adolescentes desligamo-nos da entidade divina e em adultos revoltamo-nos contra a crueldade que esta entidade divina faz a tantos que nós amamos ou então num momento de dor ou de aflição inexplicavelmente é a ele que suplicamos ajuda.

 Penso que a resposta se Deus é pai ou se o pai é Deus, não será uníssona e talvez utopicamente impossível porque na realidade todos temos diferentes crenças, valores e princípios. Alias, conforme formos acrescentando mais variáveis a esta reflexão, como o meio em que vivemos, a nossa educação, os nossos valores, mais difícil vai ficar a resposta.

Para mim, hoje o meu pai é Deus porque tal como a entidade divina ama incondicionalmente os filhos e mesmo quando não está lá eu sei que se lhe ligar ele me vai acudir. Felizmente o meu filho também tem um pai que é Deus porque o ama incondicionamente e conforme ele cresce o vai ajudando a ultrapassar as barreiras.

A todos os pais, Feliz Dia do Pai.

Bj utópico
Dri







terça-feira, 16 de março de 2021

Vilões vs Super Heróis

Hoje, ao fim do dia, enquanto preparava um julgamento para o dia de amanhã, apercebi-me que o meu filho ouviu-me a ler as minhas notas. E quando levantei os olhos do papel perguntou: Mãe porque estás do lado dos vilões? Tu eras capaz de defender o Scar, a Ursula, o Lex Luthor, o Falcão Traça.......".

Respirei....Inspirei......e em fracção de segundos expliquei-lhe que as vezes a vida é como nos desenhos animados há bons e maus, mas independentemente da acção todos temos direito a ter alguém que nos defenda. 

O seu olhar intrigado e pensativo fixou em mim e continuou : mas eles são vilões? E onde estão as tuas armas? E ai novamente lhe tentei explicar que tantas vezes as palavras são as melhores armas que podemos ter. Tentei dar-lhe exemplos com os desenhos que ele vê e como situações do dia a dia.... Mas lá no fundo ele olhava para mim e na sua inocência pensava tu defendes vilões.....

No entanto, a simplicidade das palavras das crianças dão nos a força que tantas vezes necessitamos para mais uma luta nos nossos tribunais nas condições mais adversas e nas situações mais complicadas. Amanhã jogo nos vilões, mas o desafio desta profissão é conseguir mostrar que este vilão é na verdade um herói na sua medida na sua esfera, na sua realidade, ou seja, um inocente.

Bem ,já dizia Fernando Pessoa que : "Mais vale ser criança do que querer compreender o Mundo". 

Fica a música dos Azeitonas sobre a vida nos desenhos animados...... Eu vou a preparar a capa para a batalha...

Bj utópico
Dri



sexta-feira, 12 de março de 2021

A minha carta a Astor Piazzola

Querido Astor Piazzola, 

Deveria escrever-te esta carta no dia de ontem: o dia em que completarias 100 primaveras, se fosses vivo. Mas a verdade é que ontem,  o tempo voou como as notas que nos envolvem no "Libertango".  O dia foi correndo entre processos, artigos, adições, leituras, almoços, telefonemas como se vivesse dentro dessa partitura que é uma viagem sem fim e que brilhantemente me fez voar pela genialidade do dia....

No entanto no rescaldo da noite, já entre lençóis, lembrei-me que me esqueci de te escrever esta carta para te parabenizar. A importância de te parabenizar é muita por teres consolidado , para mim, a genialidade com a modernidade, com a delicadeza na forma em como nos brindaste com todas as tuas interpretações de forma tão intensas.

Desde o Libertanto, a Milonga del Angel, ao Adios Nonino, ao Oblivion tem sido uma companhia em vários momentos da minha vida. Desde as noitadas a escrever a tese, desde os momentos a escrever peças processuais.... Sendo a minha maior mágoa não ter entrado no dia do meu casamento na igreja ao som do Libertango...

Ainda não te apresentei ao Alexandre porque acho que ainda não será capaz de apreciar a tua genialidade. ainda não será capaz de fechar os olhos com a tua música a ecoar nos ouvidos e voar ate a Buenos Aires......

Prometo-te que um dia vou a Buenos Aires e deixarei ecoar o teu som pelas praças da Argentina.....

Parabéns Astor, pelos bons momentos que me proporcionas e pela inspiração que a tua música é.

Bj utópico

Dri


 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Mundo nos chama loucos ......

Como canta o Matias Damásio: "o Mundo nos chama loucos.............".

Agora eu tenho vontade de cantar: o mundo anda mesmo louco porque falamos sozinhos na rua, o mundo anda mesmo louco por vivemos para nós, o mundo anda mesmo louco porque todos os dias perdemos capacidade de socialização e perdemos a capacidade de resiliência e de raciocinar.

Todos os dias no escritório vejo os processos de violência doméstica aumentar nas diversas faixas etárias.... E isto assusta-me! Qual o caminho que esta sociedade quer trilhar?
 
Neste processo, em cada um de nós é obrigado a refugiar-se em si e nas suas casas, apesar de estar inserido num coletivo, esperemos que quando surgir o desconfinamento apreciemos a oportunidade que nos dão para redefinir a nossa identidade, tanto nível emocional, profissional, simbólico como através do sentido de pertença a um coletivo, pela conquista de um papel ativo no nosso interior mas também do grupo de amigos, familiar e de trabalho com o qual nos identificamos.

Vou adormecer a olhar para a janela e contar as estrelas.....

Bj utópico
Dri 


Outono em Madrid

Madrid respira outra textura quando o outono chega. A cada manhã, o caminho foi um mosaico de cores: ocres, dourados, ferrugem que brilham s...