"Sem a loucura que é o homem mais que a besta sadia um cadáver adiado que procria" (Fernando Pessoa)
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
O Vento, os Direitos Humanos e a Música
sábado, 4 de outubro de 2025
Jazz
Algumas presenças chegam silenciosas, e outras chegam como quem sabe que veio para ficar. A Jazz chegou assim, a nossa Jack Russell, mas com uma intensidade que preencheu todos os cantos da casa.
No início, foi só curiosidade: um olhar que observava, cada gesto, cada respiração. Aos poucos, tornou-se companhia, confidente e afeto que não se mede.
O Dia do Animal já não é apenas uma data. É um aviso do que significa existir lado a lado com outra vida que não fala, mas se faz ouvir com cada gesto, cada toque, cada pulo de alegria. A Jazz trouxe-nos uma nova forma de celebrar: não com palavras, mas com presença.
Ao acordar com um olá a abanar a cauda, a partilhar silenciosamente o sofá, as suas pequenas travessuras lembram-nos que a família não se limita a quem partilha sangue, mas também àqueles que tornam os dias mais leves e o coração maior.
E assim, neste Dia do Animal, celebramos a nossa Jazz. Celebramos cada instante que nos lembra que o amor pode caber em quatro patas, e que, às vezes, a maior lição de vida vem de um olhar curioso e de um coração que nos escolheu para ser o seu mundo.
Bj utópico
Dri
quarta-feira, 1 de outubro de 2025
A música e eu
Cresci com a música. Não apenas com os sons que vinham da rádio ou do walkman, mas com a música que o meu pai carrega dentro dele.
Ele tem o hábito de encher o silêncio com melodias, com acordes que entram pela sala, atravessam as paredes e se escondem na memória.
A música fez parte da minha infância e da minha adolescencia, mas sempre me acompanhou em todos os caminhos que percorro. E hoje esta ligação à musica atravessa gerações e idiomas com o meu filho e os meus sobrinhos.
Com a música hoje vejo um avô que oferece canções como quem oferece colo. E um neto que recebe notas musicais como quem recebe raízes. E, juntos, criam um espaço onde o tempo não para, porque o que vibra é eterno.
Talvez seja isso a música: um abraço que não conhece idade.
E quando o dia parece mudo, basta fechar os olhos para que alguma nota escondida desperte dentro de nós.
Bj utópico
Dri
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Primeira Semana de Aulas
Passou a tua primeira semana de aulas do 6º ano e todos os dias quando te ouço a falar das tuas aventuras, imagino como escreverias o teu primeiro dia se o blog fosse teu:
"Hoje eu acordei com o sol a entrar pela janela. Era meu primeiro dia de escola com onze anos. Na roupa do uniforme, as cores pareciam mais vivas, e o cheiro do lanche lembrava-me a aventura dos intervalos. Segurei a mochila como se fosse um baú de tesouros, cheio de lápis que prometiam histórias, cadernos que guardavam sonhos, e uma garrafa de água que, na minha imaginação, me podia transformar em qualquer coisa que eu quisesse ser naquele dia.
Quando cheguei à escola, as paredes sussurravam boas-vindas, e cada colega parecia uma personagem de uma banda desenhada com seus próprios poderes secretos. Sentei-me na cadeira, e percebi que este dia não seria só mais um dia de aulas: seria o começo de um universo inteiro que eu ainda nem sabia que podia explorar.
E então, respirei fundo e sorri. Porque, mesmo com o coração a bater forte e a ansiedade a fazer cócegas na barriga, eu sabia que aquele primeiro dia de escola aos onze anos seria só o primeiro capítulo de uma história que eu escreveria com cores, aventuras e sonhos que nunca acabam."
Porque, mesmo que ele esteja a começar esta nova aventura sozinho, eu sei que estarei sempre aqui para cada passo, cada queda e cada vitória.
Bj utópico
Dri
quarta-feira, 23 de julho de 2025
Youtubers, política e redes sociais: quem está a influenciar os jovens portugueses?
Estava a ver uns vídeos no YouTube, quando comecei a pensar : será que os nossos adolescentes estão mesmo a aprender política nas escolas ou estão a formar a sua opinião a ver TikToks, lives no Instagram e stories de influencers? A verdade é que, com a campanha para estas autárquicas, começo a pensar: E se os youtubers e influencers forem hoje os “professores” de política da nova geração?
Penso que os jovens têm opiniões, causas que os movem (ambiente, igualdade, saúde mental, etc.) e vontade de participar. Só que muitas vezes não se revêm na política “à antiga”: cheia de discursos, debates que mais parecem gritaria e promessas que ninguém cumpre.
Então, onde é que eles vão procurar informação? Nas redes sociais, no TikTok, no YouTube, no Insta, no X (ainda me custa não chamar Twitter ). E quem aparece nesses feeds? Os criadores de conteúdo que eles seguem todos os dias. São eles que falam “à maneira deles” sobre temas sociais, votações, injustiças, leis.
Mas serão estes influencers, formadores de opinião?
Muitos influencers usam as suas plataformas para dar visibilidade a causas importantes, alertar para fake news, ou até explicar temas políticos de forma simples e direta. Às vezes um vídeo de 1 minuto no TikTok consegue fazer mais do que 3 anos de aulas de Cidadania. Mas também há o lado negativo: opiniões mal fundamentadas, desinformação, populismo, ou até manipulação. Quando alguém com milhões de seguidores dá uma opinião sem saber bem do que fala, pode estar a influenciar milhares de jovens que ainda estão a formar a sua visão do mundo.
E isso levanta uma nova questão importante: quem está a ensinar os jovens a pensar criticamente?
Os políticos esquecem, mas adolescentes têm direitos, e não só o direito de estudar , mas também o direito à informação, à participação e à liberdade de expressão. Aliás, em vários países já se fala em dar o direito de voto aos 16 anos.
Se os jovens portugueses estão a formar as suas opiniões políticas no YouTube e no TikTok, então está na hora de apostar na educação para os media e nas escolas, ensinar a distinguir opinião de facto, pedir mais responsabilidade a quem influencia e acima de tudo, dar voz aos jovens nas decisões que também os afetam.
Porque a política não é só votar de 4 em 4 anos. A Política é tudo aquilo que influencia no nosso dia a dia; o preço dos transportes, a qualidade da escola, as mudanças climáticas, a forma como tratamos os outros.
Talvez os nossos políticos e partidos, precisem uma formação de bem-vindos à política versão adolescentes digitais.
Bj utópico
Dri
sábado, 19 de julho de 2025
Verão, Coldplay e Abraços Proibidos
Esta semana, uma imagem roubou os holofotes num concerto dos Coldplay em Boston. A kiss cam, usada para mostrar casais apaixonados, expôs uma traição ao vivo, num mar de pessoas e luzes. Estavam abraçados, sorrindo, sem perceber que estavam a ser filmados. O momento que devia ser íntimo tornou-se público, mesmo viral. Originando mesmo que um dos atores se tenha demitido por ser CEO de uma empresa americana .
E hoje, como se o universo gostasse de repetir cenas com outros atores, vi um encontro breve na praceta atrás da minha casa. Dois corpos, dois sorrisos contidos, um abraço longo como quem carrega saudade e urgência ao mesmo tempo. Durou pouco. Depois, cada um seguiu para um lado diferente.
O verão aquece a pele e promete liberdade, mas também traz verdades incómodas. Nem sempre o amor aparece com alianças ou promessas claras. Às vezes, o amor está escondido num concerto, noutras vezes numa praceta por quinze minutos roubados de uma tarde de sábado.
E a traição, afinal, é sempre mais sobre o que falta do que sobre o que sobra.
Bj utopico
Dri
domingo, 13 de julho de 2025
No calor das audiências, o frio das relações — e o papel do direito
quarta-feira, 11 de junho de 2025
Quem somos, afinal?
terça-feira, 3 de junho de 2025
O dia da Criança....
No dia 01 de Junho festejamos o Dia da Criança, mas só hoje tive tempo de escrever sobre esta data. O Dia da Criança não deve ser só mais uma data para balões coloridos e brinquedos embalados. É um convite à consciência. Um alerta de que, por trás dos sorrisos infantis, há uma realidade que ainda grita por justiça, equidade e respeito. Ser criança é viver com os olhos abertos para o espanto, é transformar caixas em castelos, é colher estrelas no quintal. É acreditar que o mundo pode ser justo, que os adultos sabem todas as respostas e que o amanhã é sempre uma promessa de aventura.
Mas, neste mundo que construímos, quantas crianças têm o direito de apenas ser? Quantas podem brincar sem medo, sonhar sem limites, crescer sem pressa?
Todos os dias, vejo um fosso doloroso entre a teoria e a prática, um sistema jurídico, que apesar de prever garantias robustas, permanece muitas vezes inoperante diante dos direitos das crianças. Como defendo os direitos da criança ainda são uma utopia para muitas infâncias atravessadas pela desigualdade social, pela violência doméstica, pela negligência. Como li outrora, negligenciar uma criança é amputar o seu futuro em silêncio.
A efetividade dos direitos das crianças não depende apenas da sua previsão normativa, mas de uma atuação concreta do Estado e da sociedade civil. E é aí que falhamos — quando olhamos sem ver, ouvimos sem escutar e calamo-nos diante da desigualdade.
No Dia da Criança, mais do que homenageá-las com presentes, precisamos questionar: o que temos feito para que os direitos das crianças deixem de ser uma utopia e se tornem realidade? Que mundo estamos a construir para elas — e com elas?
Acredito que a esperança deve continuar a ser cultivada como flor teimosa no asfalto. Porque ainda acredito num tempo em que toda criança terá voz, vez e valor. Um tempo em que ser criança será, de fato, sinónimo de proteção, afeto e oportunidade.
Feliz Dia da Criança, todos os dias para que o futuro que desejamos para elas comece com as escolhas que fazemos hoje.
Bj utópico
Dri
quinta-feira, 29 de maio de 2025
As feridas da alma em Lampedusa
Dri
quinta-feira, 22 de maio de 2025
Saudade
Hoje recebi uma mensagem simples. Daquelas que, à primeira vista, poderiam passar despercebidas num dia cheio. Mas não passou. Uma mensagem de um amigo. Um amigo que vive do outro lado da fronteira – em Espanha, onde o idioma é outro, o tempo tem outro ritmo, e onde a palavra saudade... simplesmente não existe.
Mas como lhe explicar o que é saudade?
Vou lhe dizer que: Saudade é uma palavra que só existe no português. Mas mais do que uma palavra, é um sentimento. É quando alguém está longe, mas ainda assim muito perto de nós. É quando algo passou, mas continua a viver em forma de memória viva. É querer perto, mesmo entendendo que nem sempre dá. É presença na ausência.
Ele talvez, mesmo sem entender tudo vá responder : “Entonces, yo también te tengo... esa cosa sin nombre.”
E nesse momento, percebemos que talvez não seja mesmo preciso traduzir. Porque sentimentos, quando são verdadeiros, atravessam qualquer idioma. E que a saudade – essa que sentimos- é uma prova bonita de que viver tem sido real, e amizade tem valido a pena.
No meu mundo, a saudade não é dor – é poesia viva. É a lembrança de que, mesmo longe, estamos sempre juntos na amizade
Bj utopico
Dri
terça-feira, 25 de março de 2025
Cidades da minha vida: a surpresa chamada Sitges
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
O Amor é um Caos Bonito....
Era pra ser um café rápido para falar sobre trivialidades. Aquele tipo de encontro despretensioso, mas ele riu-se e eu perdi-me. Não foi o riso mais bonito do mundo, nem daqueles risos que fazem ouvir os sinos tocarem, mas foi o riso mais sincero que eu já ouvi.(porque ainda nao sonhava ouvir o riso do nosso filho).
A partir daí, o café virou horas, as horas viraram dias, e quando eu dei conta, eu já me ria das piadas sem graça dele como se fossem as melhores do planeta.
O amor tem esta mania de remexer tudo. Há dias que pensamos que controlamos, que conhecemos as regras do jogo e de repente .... ups porque com esse café surgiu uma pessoa, uma leveza, uma esperança....
Ele ensinou-me que o amor não precisa ser épico. Pode ser simples, mas intenso. Pode ser um olhar no meio do caos do dia, um "tenho saudades tuas" antes de desligar o telefone, um silêncio confortável depois de um dia longo, um colo num dia de cansaço, o esperar para jantar, o aceitar-me como sou com qualidades e defeitos.....E eu, que sempre fui ligeiramente cética com a ideia de um amor arrebatador, percebi que, no fim das contas, o amor é isto: um caos bonito. Um turbilhão que me dá frio na barriga, que me faz sentir viva e que eu quero continuar a sentir por muitos anos com ele.
Eu não trocaria este "caos bonito" contigo por nada neste mundo. Como ouvi numa música brasileira:" Tu és a tradução do que é o amor"
Bj utópico
Dri
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Gosto de ti até à exosfera!
— Mãe, sabias que a exosfera é onde os satélites orbitam?
— Sim , é a camada mais distante da atmosfera.
— Gosto de ti até à exosfera… e muito mais além.
Eu sorrio e digo agora fecha os olhos pois é hora de sonhar. Sonhar talvez com estrelas, talvez com um mundo melhor onde o ar é puro e o planeta respira.
Bj utópico
Dri
domingo, 19 de janeiro de 2025
Leitura Golda Meir
Mas este livro não é apenas um relato político – é também um testemunho sobre o que significa ser mulher, ser mãe e navegar num mundo onde as decisões importantes, historicamente, sempre pertenceram aos homens.
Golda Meir não esconde os dilemas que enfrentou ao longo da vida. Desde cedo, sentiu que sua missão ia além das paredes de casa, mas isso não a poupou da culpa e do conflito interno de tantas mulheres que tentam equilibrar carreira e família. Ela menciona, em diversos momentos, as dificuldades de conciliar a vida política com a maternidade, o peso das ausências, e a complexidade de criar filhos enquanto se dedica a uma causa maior.
A leitura deste livro num contexto atual traz-me algumas reflexões. Ainda hoje, mulheres em diversas áreas enfrentam desafios semelhantes – a necessidade de se provar constantemente, o peso da maternidade versus a ambição profissional e a luta para serem ouvidas em espaços predominantemente masculinos. Golda Meir, com a sua história, oferece um exemplo de resiliência, coragem e compromisso com um propósito maior.
Talvez quando terminar a leitura do mesmo conclua que a maior lição deste livro seja que não existem caminhos fáceis para as mulheres que ousam sonhar grande. Mas Golda Meir mostra que, mesmo num mundo de homens, é possível deixar um legado que transcende o tempo.
Bj utopico
Dri
O Vento, os Direitos Humanos e a Música
O vento sopra, não pede licença, não conhece fronteiras, porque ele simplesmente é assim. E talvez seja por isso que ele me faz pensar nos d...
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Esta pergunta ecoou em mim, pela primeira vez, na adolescência, quando mergulhei nas páginas do livro O Mundo de Sofia. Na altura, achei qu...
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Esta semana senti o calor na temperatura mas também no ar parado das salas de audiência de diferentes cidades que carregam o sol, mas também...
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No dia 01 de Junho festejamos o Dia da Criança, mas só hoje tive tempo de escrever sobre esta data. O Dia da Criança não deve ser só mais um...

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