Numa noite fria, no silêncio cortante de uma igreja semi-vazia na cidade do Porto, emerge um som suave e melódico .A solista interpreta o Theme for Clarinet e o som do clarinete parece desafiar o frio, preenchendo o ar gélido com notas expressivas. Cada nota musical ecoa como um sonho no meio de uma brisa cortante, criando uma paisagem sonora que transcende a baixa temperatura.
Enquanto os dedos da solista dançam sobre as chaves do clarinete , os tons profundos e agudos entrelaçam-se como fios invisíveis na minha imaginação, levando-me a voar por sonhos, paisagens, pensamentos, amigos, família e transformando o som do clarinete numa experiencia sensorial única.
As notas que saltam da pauta, transformam o clarinete num narrador de historias, num poeta da escuridão, que naquele momento me fez sentir. Sentir o som a arrepiar a minha pele, sentir a harmonia dos meus sentimentos, sentir que, as vezes, é bom deixar-nos só voar ou mesmo só sentir a vida....
Assim as notas deste clarinete, mostraram-me que na execução da peça cada respiração, cada inflexão podem ser um convite para um mundo de sensações. Da mesma forma, que a vida é uma composição musical, uma sinfonia de emoções que nos guia e que por vezes precisa de ser afinada para produzir uma melodia perfeita. A vida requer paciência, compreensão e ajustes contínuos.
Nas ultimas semanas, aprendi com um amigo que, num mundo muitas vezes frenético, devemos deixar que a música e a amizade nos ofereçam um refugio de harmonia e leveza. O clarinete, com o seu som único, e a amizade, com sua harmonia inigualável, lembram-nos de que a vida é uma composição a ser apreciada em conjunto, onde cada nota tem um propósito e cada amizade é um tesouro a ser valorizado.
No último sopro do clarinete, acordei desta história, nesta noite fria, mais feliz e a acreditar que devemos conjugar mais a musica com a amizade.
Bj utópico
Dri
"Sem a loucura que é o homem mais que a besta sadia um cadáver adiado que procria" (Fernando Pessoa)
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
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