O casamento é um estado acessório ?
“Hoje em dia, os ideais de realização pessoal que cada um vorazmente persegue secundarizaram o casamento. O casamento é um estado acessório que todos retardamos. As pessoas continuam a casar-se numa ou noutra altura da vida, mostrando que a normatividade social do casamento se mantém. O que foi desaparecendo foi a ideia do casamento como uma âncora individual, a estrutura estável onde as paixões e os impulsos de cada um se domesticam. A felicidade passou a depender de uma espécie de emotivismo permanente, desligado de regras e compromissos duradouros.” - Pedro Lomba - (Diário de Notícias, 10 Julho 2008). O extrato do artigo é do ano de 2008, mas na minha perspetiva continua extremamente atual.
No entanto, há dias que nos cruzamos em consulta com pessoas que amam para toda a vida e não se resignam a renunciar a esse casamento ou a esse amor, mesmo quando o outro diz não. E aí surge a dificuldade, como é que dizemos a esta mulher que não adianta manter à "força" o casamento? Como lhe dizemos que até entendemos que possa amar mas ele já encontrou outro caminho? Como lhe dizemos que o casamento é um contrato?
Mas a verdade, é que o laço do casamento é um contrato onde deve prevalecer uma comunhão pessoal e não patrimonial. No fim da consulta, ouvi a frase: "a doutora é muito fria porque não encontra nenhuma lei que mantenha o meu amor". Lamento, mas a minha cadeira de escritório não é um divã do psicólogo ou um confessionário. A cadeira de madeira onde se sentam na sala de reuniões sustenta os princípios jurídicos que regem a nossa lei civil com dignidade para a pessoa humana. Por isso lhe disse de forma directa: na diligência em prol da sua dignidade e respeito por si diga sim ao seu divórcio.......
Por isso amigos psicólogos , a dor de amar para sempre fica convosco.
Como canta a Carminho:
Amor que se deu mas numa distância,
Distância que nos fez acreditar
Que é essa que dá real importância
À liberdade que é poder e saber amar.
Bj utópico
Dri
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