O perigo de ter um diário na Sex/Life......
"Sex/Life" estreou na plataforma Netflix a 25 de junho e rapidamente se tornou numa das séries mais vistas do momento na plataforma. Pode ler-se na sinopse da série que: "a história se centra numa espécie de triângulo amoroso focado na perspetiva da mulher onde a protagonista é uma mãe de dois filhos, dona de casa suburbana americana do Connecticut, que tem ficado cada vez mais aborrecida com a sua rotina e vida familiar com o marido". Desde o primeiro episódio que a protagonista , frustrada com a sua vida de dona de casa, vai escrevendo no computador um documento que intitula de diário. A verdade é que enquanto escreve, a protagonista relembra os tempos de solteira e os tempos em que a aventura e a adrenalina era o seu mote de vida com um jovem de nome Brad... Mas tudo se complica quando o marido têm acesso ao documento e o lê. Ou seja, nasce um triangulo entre a protagonista, o marido e o mundo de solteira da protagonista.
A verdade é que sábado a noite, decidi começar a ver a série para desanuviar..... E vi episódio atrás de episódio.... nascendo a dúvida como ia aquela protagonista resolver aquele conflito interior :a vida de hoje ou a vida do passado? Apesar das partes físicas, de todas as cenas íntimas da série, o que centrou a minha expectativa foi como é que este triangulo vai ter o seu desenlace? Não vou ser spoiler e contar o fim da serie: será que volta para a loucura de ser solteira? será que fica com o marido? será que fica sozinha? O melhor é verem a serie para verem o surpreendente fim da mesma....
Por coincidência, na segunda estive três horas numa reunião de um processo de direito da família, onde a palavra de ordem foi emoções. Daí que o dilema daquela protagonista e o enfoque das emoções da reunião de segunda-feira, me façam questionar retoricamente : será que temos de escolher só um lado? será que devemos voltar ao passado? será que é tudo sentimento? será que é sentimento e razão? Será que devemos agir só com base na razão ou só com base na emoção?
A verdade é que enquanto advogada, de formação, olho para as emoções e os afetos com distanciamento ou mesmo com dificuldade de entender estes conceitos que são indeterminados mas que também têm um conteúdo valorativo para as partes. Alias na reunião indiretamente apontaram-me o pormenor de ser fria e litigante....mas em que código esta escrito que o amor é que move o mundo? O mundo move-se numa sociedade organizada por regras/normas que o Direito cria para vivermos de forma estável e com segurança. O amor não é uma norma dessa codificação que nos rege....
E voltando a série que despoletou todas estas dúvidas, a verdade é que, para mim, nós não temos de escolher o passado ou o futuro. A verdade é que devemos aceitar o presente mas deixando que a nossa essência misture as nossas experiencias de solteira com os altos e baixos da vida de casamento. Enquanto protagonista das minhas relações sociais, lembro-me muitas vezes da frase de Einstein que dizia que “a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão”. Na verdade no conceito de Einstein não existe passado nem futuro mas sim unidades do agora, ou seja, a capacidade que temos de ter consciência necessária para lidar com o imediato e essa consciência é o somatório das nossas experiencias, da nossa essência.
Por isso não quero ser quem fui ontem, nem quem vou ser amanhã, quero ser quem sou hoje com todo o acumular de experiencias que a vida me deu ontem e me dará amanhã, mas mantendo profissionalmente a frieza com que vivo o direito da família.
Bj utópico
Dri
Nota: Se quiserem ter um diário coloquem um cadeado ou uma palavra passe no documento, nunca se sabe quem pode ler......
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