Há uma musica do povo.....

Nestes dias na zona da Floresta Negra alemã, a música cantada por Mariza e que dá titulo a esta missiva, ganhou outro significado. Sentada da janela do meu quarto a olhar para arvores e para as casas que me circundam reflicto que “há uma música do povo nem sei dizer se é um fado….”. é mesmo verdade cada povo, sua música, sua tonalidade. A melodia que nos move distingue-nos na perfeição entre todos. Alias som esse que nos ouvimos nas palavras, nos grunhidos ou mesmo na atmosfera de um autocarro ou comboio.

Portugal um pais a beira mar plantado em crise a viver com a troika sob o jugo do poder alemão. Esta é a melodia que se ouve em Portugal mas aqui apesar de toda a disciplina e organização ouve-se uma melodia repleta de arquétipos conservadores e que inconscientemente, ou não, continua a tentar perpetuar a raça pura tão apregoada por Hitler. Sem dúvida, um país organizado, evoluído, trabalhador mas no entanto repleto de pequenos arquétipos sociais que os transformam.

Senão vejamos, começando pelo mais simples, o ser do sexo menino é Fraulein antes de casar e ganhar o titulo de Frau após casamento. Até aqui nenhum problema, mas esmiuçando a questão a Frau, obrigatoriamente e automaticamente, ganha o ultimo nome do marido, ou seja, significa que a partir daquele momento perde a sua individualidade, perde a sua essência e será sempre Frau X. Será correcto termos 50 ou mais anos de casamento sempre a ser conhecidos pelo nome do nosso marido? E o principio da individualidade de cada um? E o Principio da nossa dignidade enquanto ser único? Todos estes princípios e os demais, se perdem no trato social deste pais, ou seja, a mulher após o casamento passa a ser propriedade do marido. Um conceito estranho e enigmático em pleno secúlo XXI. Alias um conceito que pensei que estivesse perdido no tempo….

Todavia o trato social por aqui também têm outros traços conservadores, nomeadamente pela necessidade que os mesmos sentem de mostrar aos outros que são espécie única. Facto que se nota com a questão da nacionalidade uma vez que os filhos nascidos na Alemanha de pais portugueses ou pai português e mãe alemão, não adquirem a nacionalidade alemã nem a dupla nacionalidade. Ao contrário do que acontece em Portugal e noutros países, aos 18 anos a criança tem de optar qual a nacionalidade que pretende ter. Questiono-me será uma forma de travar a emigração? Será uma forma de indirectamente lutar para que a espécie perdure intacta e sem sangue endógeno? As hipóteses podem ser variadas, mas a verdade é que por todas as cidades em que circulo me cruzo diariamente com imensos emigrantes. Ou seja, este país já precisou deles e continua a precisar.

Enfim, reflexões a janela ao som de música portuguesa que nos aconchega e nos relembra a melodia do nosso país. Um pais que também trava luta diária contra os seus defeitos mas que por muitas criticas continua a ser o meu berço. Como cantava Paulo Vaz de Carvalho num hino para uma campanha de um partido Politico: “Temos um pais no peito dentro de nós a pulsar, é esta terra que é feita de tanta terra tanto mar, é esta terra que é feita do azul que faz o mar, é esta gente uma ideia um porto para sonhar….”

bj utopico
Dri

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