sábado, 4 de junho de 2016

Entre nós e as palavras....

 
 
Nestes últimos dias durante uma conversa entre amigos, eis que alguém partilhou um poema de Mário Cesariny que desconhecia. Só hoje consegui partilhar convosco o mesmo e a profundidade da sua interpretação. Porque a verdade é que nas nossas teias de relações entre cada um nós e as palavras há um conjunto infindável de perfis, de segredos......

 
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte   violar-nos   tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas   portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Bj utópico
Dri


Os jantares de Natal....

Há jantares de Natal que começam no calendário em Novembro. Ontem foi um deles. Na verdade, os membros deste jantar chegaram à minha vida se...